Musicista ucraniana, Karry G é a primeira DJ vocal na Ucrânia. Ela nos contou exclusivamente sobre o início de sua carreira e suas preferências musicais.
Liliane Motta, exclusivo para Rádio Tecno House
Kаrry G, a pioneira DJ vocal da Ucrânia, compartilhou sua perspectiva única sobre a profissão. Para ela, um DJ vai além de simplesmente tocar música; é um criador de atmosfera e conexão, um misto de animador, produtor e músico. Kаrry G destaca que a competição não é com outros, mas consigo mesma, visando sempre ser a melhor versão possível.
Ela descreve a cena musical na Ucrânia, influenciada pela guerra, que mudou não apenas a música, mas também sua percepção do mundo. A música eletrônica, segundo ela, é uma forma de escape para as pessoas, proporcionando equilíbrio e alívio do estresse. Apesar da guerra, a cena eletrônica ucraniana permanece focada no mercado mundial.
Além disso, Kаrry G reflete sobre seu contrato com um selo americano, expressando a emoção de ouvir o tão esperado “SIM“. Ela enfatiza a qualidade de sua música e sua determinação em enfrentar a competição na indústria musical. Sua família, que sempre foi seu apoio, ficou surpresa com sua decisão de se tornar DJ, mas a artista valoriza o suporte deles ao longo de sua jornada musical.
RTH: O que você ser DJ para você?
As pessoas costumam pensar no DJ como a pessoa que toca música. Uma faixa termina e ele coloca a próxima, para que não haja silêncio. Como se ele trabalhasse no lugar de um reprodutor. O que um verdadeiro DJ faz é criar a atmosfera certa, a vibe certa. Eu acredito que é uma questão de conexão – compartilhar sua energia e fazer as pessoas sentirem o que você sente. Não importa onde você esteja, seja no carro ou em um grande festival, você recebe aquela energia. Para mim, nos dias de hoje, um DJ é como todos os super-heróis da Marvel em um só. Um animador, um produtor, um músico, showman – bem, no meu caso, é a show-woman (risos). A missão é super clara: criar uma festa, criar um show no qual você queira estar! Para celebrar, se divertir, mergulhar nesse Som Gigante! Dançar com amigos ou com seu melhor amigo. Às vezes, ir à festa sozinho apenas para sentar e observar as pessoas. Mesmo assim, sempre haverá um DJ em destaque.
A última coisa que quero fazer é me comparar aos outros. Por que comparar? Cada um é belo em sua singularidade. Se eu for competir, será apenas comigo mesma. Apenas para me tornar a melhor versão de mim mesma.
Descreva-se em cinco pontos
É simplesmente: determinada, persistente, justa, sociável, definitivamente um pouco malvada.
Antes de trabalhar como DJ, o que você fazia, como percebeu que deveria fazer música?
Você sabe, eu gostava de DJing há muito tempo, mas decidi me tornar uma DJ de repente. Foi um impulso, uma faísca, uma epifania, como quiser chamar. E então, em algum momento, decidi também combinar o DJing com o canto.
Em tempos de guerra, como as pessoas ouvem música na Ucrânia?
Agora, essa é uma pergunta muito boa. Como pode ser a vida em tempos de guerra? Minha vida se fragmentou completamente. Tudo mudou instantaneamente. Os ucranianos mudaram muito. A música ucraniana também mudou muito desde a invasão russa e há uma razão para isso. A música é sempre um reflexo da vida social ou política. Não se pode isolar a música da realidade. Ela sempre reflete o que está acontecendo. Eu diria que mudei meu sentido em relação à música, ao gênero, tudo por causa da guerra. Comecei a sentir tudo mais intensamente. A guerra mudou minha percepção do que está acontecendo. Fez-me perceber como nosso mundo é frágil, como o momento em que vivemos hoje é passageiro. Eu não sigo muito a música pop, mas posso dizer com certeza que agora estão sendo lançadas duas a três vezes mais músicas ucranianas!
Quanto à cena eletrônica, a cena eletrônica ucraniana está muito mais focada no mercado mundial. Como as pessoas ouvem música na Ucrânia hoje em dia, a esfera de DJs está viva?
As pessoas ouvem música eletrônica porque isso as ajuda. Para colocá-las no clima certo, lidar com o estresse, não enlouquecer, encontrar um equilíbrio.
Você começou imediatamente assinando um contrato com um selo americano. Comente por gentileza
Eu estava tipo, “Vamos lá. De jeito nenhum!” Hahaha, estou brincando. Eu me senti absolutamente fantástica! Eu estava esperando que minha música fosse lançada, eu sabia que aconteceria, porque a música que faço é muito boa, é muito sólida. É o tipo de coisa que vai agitar a festa.
Você percebeu quanto a dança dos anos noventa está de volta?
Aquela estética do Robert Miles e todos esses hits de Eurodance que eu costumava ter no meu reprodutor quando era pequena. Tudo voltou e se tornou moderno novamente. Lembro-me muito bem do momento em que ouvi Young Marco – What You Say – é pseudo-retro, é adorável e engraçado ao mesmo tempo, e ainda assim não me canso, eu gosto. Também gosto do que está acontecendo com o progressive house. Não mudou e ainda é tão vibrante, forte e poderoso como nunca antes. Não se muda e continua tão vibrante, forte e poderoso como nunca antes. Tenho medo da concorrência? Deus, não. Por que ter medo da concorrência? A concorrência ajuda a ficar mais forte e melhor. Vou apenas tocar a música que amo, fazer faixas, fazer boas faixas.
Como sua família reagiu quando soube que você se tornou uma DJ?
Minha família sempre foi minha força e apoio. Sou muito grata a eles por apoiarem minhas ideias, celebrarem conquistas comigo. A família é muito importante para mim. Eles são maravilhosos e eu os amo muito. Eles ficaram bastante surpresos com minha decisão quando disse que queria ser DJ, não que fosse uma novidade, porque estive envolvida com música desde criança. Eu fazia aulas de piano e depois havia um estúdio de música. Comecei a experimentar com vocais, a gravar meus primeiros demos, a experimentar estilos diferentes, e então percebi que queria continuar com a música eletrônica.
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