BLACK COFFEE: UMA BREVE HISTÓRIA DO REVOLUCIONÁRIO SUL-AFRICANO DA HOUSE MUSIC

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BLACK COFFEE: UMA BREVE HISTÓRIA DO REVOLUCIONÁRIO SUL-AFRICANO DA HOUSE MUSIC


Nkosinathi Innocent Maphumulo, mais conhecido como Black Coffee, é um DJ, produtor musical e compositor sul-africano. Black Coffee é o fundador da sua própria gravadora, a Soulistic Music, e lançou seu primeiro álbum autointitulado, “Black Coffee”, em 2005, no qual incorporou elementos de R&B e jazz presentes até hoje.

Sua carreira teve início por volta de 1994 e alcançou destaque após sua participação na Red Bull Music Academy em 2004. Desde então, Black Coffee lançou nove álbuns de estúdio, além de um DVD ao vivo.

Ao longo de sua carreira musical, ele acumulou diversas premiações, incluindo 8 prêmios SAMA, 4 prêmios DJ, 2 prêmios Metro FM e 1 prêmio Grammy.

Poderíamos dizer que sua história é sobre superação mas estaríamos excluindo recortes sociais e culturais importantes. É mais correto — e decolonial, dizer que sua trajetória não foi como a da maioria: sem acesso rápido a grandes escolas e bons equipamentos. 

Nkosinathi Innocent Maphumulo, também conhecido como Black Coffee, natural de Umlazi, África do Sul, mostra a grandiosidade de seu trabalho no video abaixo.

Aproveite a experiência durante a leitura.

Desde o primeiro contato com a música, ele transformou essa oportunidade em uma forma de conhecer-se e construir um canal para contar a história e as referências do seu povo. Assim, ele vem construindo um legado, não apenas como DJ, mas como um artista multifacetado. Sua lista de habilidades e prêmios é extensa e merece ser reverenciada.

Tudo começou no coral da escola, onde desenvolveu um interesse que se transformaria em uma paixão pelo mundo da melodia. Nkosinathi fez parte da primeira turma da sua região a ter aulas de música, e desde então, parecia existir um magnetismo que o atraía para esse universo. Onde houvesse música, lá estaria ele, com toda sua curiosidade e sensibilidade natural.

Black Coffee no Safari Beach, em tour no Brasil / 2024 | Ao lado FLOW (Curol e Sarah Stenzel)


Na sua juventude, um incidente marcante ocorreu, embora ele tenha compartilhado essa história com o mundo apenas recentemente: Aos 14 anos, durante uma celebração pela libertação de Nelson Mandela, ele foi atingido por um carro, perdendo completamente o movimento do braço esquerdo. Um acidente que poderia ter interrompido seus sonhos, mas não o impediu de buscá-los. Durante muitos anos, optou por não discutir o assunto, não desejando que sua carreira fosse definida por esse único caso. Sua prioridade era ser reconhecido primeiramente pelo seu talento.

Rebelar-se contra qualquer tipo de convencionalidade é o método de aprendizagem favorito de Maphumulo. Ele iniciou sua carreira como produtor de música eletrônica, já unindo sua origem africana ao Jazz. Ali, começou um levante da sua cultura, mantendo uma conexão constante com artistas do seu continente e explorando elementos orgânicos, vocais afetivos e beats que marcaram o Afro-House. Desde o início, percebeu que seu percurso como DJ seria diferente. Por que tocar os mesmos discos de vinil que os demais se era possível criar edições próprias de suas músicas favoritas, muitas vezes não ligadas à dance music?

Estudou Jazz na Technikon, em Durban, e rapidamente se destacou como produtor, DJ e compositor. Sua carreira decolou em 2003, quando foi selecionado para a Red Bull Music Academy, estabelecendo conexões com artistas influentes. Dois anos depois, lançou seu próprio selo, a Soulistic Music, buscando a liberdade que almejava, e lançou seu primeiro disco em 2005. O álbum auto-intitulado foi produzido com recursos tão básicos que ele mesmo menciona não ter usado nenhum controlador Midi, apenas um mouse para tocar.

Em 2010, Black Coffee tentou alcançar o Guinness Book of World Records ao se apresentar por 60 horas ininterruptas no Maponya Mall, em Soweto. E em 2013, enfim, colheu os frutos. Com o álbum “Africa Rising”, foi vencedor de inúmeras premiações, incluindo o prêmio de melhor álbum de dance no South African Music Awards, além do disco de platina.

Desde então, sua carreira expandiu-se por diversos universos, através de parcerias com artistas conhecidos globalmente como Drake, Usher, Alicia Keys, David Guetta e Solomun. Fez campanhas para grandes marcas como a Louis Vuitton, propagando o Afro-House e a cultura do seu continente através de um comportamento discreto, tornando visível apenas sua capacidade intelectual em um crescimento profissional absurdamente inspirador. Além disso, recebeu o Grammy de Melhor Álbum Dance/Eletrônico por “Subconsciously”, conquistou o prêmio honorário de “Homem do Ano” da GQ britânica em 2023 e incendiou a uma das maiores metrópoles do mundo com um show esgotado no Madison Square Garden, em Nova York, com capacidade para 15 mil pessoas.

E isso não é tudo! Suas conquistas musicais ultrapassam fronteiras, e Black Coffee também se destaca por sua dedicação filantrópica. Fundou a Black Coffee Foundation, apoiando crianças e jovens vulneráveis, promovendo educação e acesso à música. Vencer e conquistar o mundo, sim,  mas não sem devolver parte do seu brilhantismo e suas conquistas à sua comunidade.

Ufa! Quanta bagagem um artista pode carregar consigo, com certeza, Black Coffee traz muito mais do que um simples pen drive. No dia 6 de janeiro, ele se apresenta no Ritual Stage, na Surreal Park, trazendo sua icônica house music sul-africana ao Brasil ao lado de Ratier, The Checkup,  Traumer e muito mais. Esse é um momento para celebrar não apenas sua genialidade na música, mas a história de um artista que ultrapassou limites e continua a inspirar milhares com sua capacidade de transmitir amor, além de coroar seus feitos a partir da filantropia.


 

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