A primeira apresentação internacional de Acid Asian foi, sem dúvidas, especial. O DJ e produtor estreou o projeto justamente em seu país de descendência: o Japão. Quase um mês após sua gig em agosto, o artista reflete sobre seu caminho na música e a influência do instrumento de percussão japonês em sua rotina.
Sem nem saber que seu nome tinha chegado até o lado oriental do planeta - o que mostra que seu som tem rodado o mundo -, Acid Asian debutou na festa Blacklist e ficou surpreso com o resultado. Assumindo a pista depois de Vegas, grande nome Progressive Trance e do qual é fã, ele mandou um Hard Techno que foi bem aceito pelo público, criando uma base de fãs no país e rendendo até mesmo sua entrada na agência Tsunago Music, que passa a cuidar de seus bookings na Ásia.
Entre a ótima recepção do público e o feedback positivo dos promoters, a apresentação teve um brilho singular. “Tenho um sentimento a mais porque meu avô ficou internado de maio até junho, quando faleceu. Eu acabei ficando a maior parte do tempo lá com ele. E quando recebi o convite para ir ao Japão, estava no quarto com ele. Assim que contei, ele ficou bem feliz, e quando foi para UTI, ele perguntou em que data eu tocaria. Expliquei que era em agosto e ele comentou: ‘não sei se está muito longe ainda’. Então, quando subi lá no palco para tocar, tive um sentimento a mais de estar tocando ali. O fato dele estar lá comigo na hora do convite me emocionou na hora que eu estava tocando”, revela.
Foto: divulgação
Seu contato com a cultura oriental começou em família, claro, que mantém a culinária japonesa como tradição. Já no âmbito musical, sua experiência começou com o instrumento de percussão taiko, que o ensinou não somente sobre música, mas também sobre disciplina. “Na escola, normalmente eu era o único japonês, mas no grupo de taiko eu convivia com outras pessoas da mesma etnia e aprendi muito sobre a cultura, principalmente sobre disciplina e respeito, tanto para você quanto para os outros. Quando você toca taiko, você é uma peça do taiko inteiro, o que me fez aprender que todo mundo precisa estar na mesma sintonia, alinhado, para a música em si sair com uma qualidade boa”, explica sobre a filosofia que levou para sua vida pessoal e profissional e que o ajuda no dia a dia, desde a programação de tarefas da semana até a pesquisa e a produção.
O artista ressalta que aprender o instrumento de percussão japonês foi essencial para construção de suas músicas. “De um modo geral e simplificado, no taiko, a gente tem que criar o começo, os solos de cada instrumento, e o final da música, que geralmente é todo mundo tocando junto. Então, sempre tento fazer isso em minhas produções: uma introdução, para mostrar alguns elementos, o meio, para sempre deixar claro qual que é o instrumento em evidência ali, e o final, em que eu meio que tento juntar todos os instrumentos e os elementos que eu usei durante a música, para poder fechá-la, podemos dizer”.
O taiko também possibilitou a primeira viagem internacional de Fabio, nome por trás do projeto. Aos 14 anos ele foi ao Japão para um campeonato do instrumento, e 12 anos depois voltou ao país, com outra mentalidade, mas ainda muito ligado à música [assista ao vídeo aqui]. “O sentimento de retornar foi muito bom, mas inesperado, acho que eu nunca imaginei que minha primeira gig internacional fosse no Japão, e da forma como foi, sabe? Porque quando adolescente, fui em agosto também, na mesma época, e quase que eu toco no mesmo dia que eu toquei a primeira vez lá. Voltar a trabalho e ainda mais com algo que amo, a música, foi surreal, uma sensação única”, conta o DJ e produtor que procurou fazer uma imersão na cultura local durante sua estadia.
Com uma agenda de shows que conta com Tomorrowland Brasil e DGTL São Paulo, Acid Asian vem crescendo no cenário nacional e internacional depois de sua apresentação na KNTXT Brasil no ano passado e de seu EP lançado pelo selo de Charlotte de Witte.
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