Hino da capoeira ganha versão house music pelas mãos de um ícone cultural francês contemporâneo.
A faixa Zum Zum Zum foi toda produzida na Bahia, assim como o video clipe que conta com participação de crianças de um projeto social e até do humorista Marco Luque que entrou na onda no Pelourinho em Salvador.
Sempre presente na cena eletrônica mundial desde os anos 1990, Bob Sinclar soube se renovar e manter-se atuante com criatividade e envolvendo valores dos países por onde passa, mas com especial amor ao Brasil e às crianças:
“Eu amo crianças. São genuínas, se não gostam de algo, você pode sentir, elas não mentem. A gravação deu super certo em um pequeno estúdio no Pelourinho na Bahia. Selecionamos todas as crianças do videoclipe de um projeto social de capoeira em Salvador chamado “Mundo Negro”. Quando gravamos o vídeo na Bahia, todas as crianças ficaram super felizes em cantar e dançar. A reação delas foi muito importante para mim porque é um clássico e a rua não mente. É incrível como a música brasileira é uma fonte de felicidade.”
Acostumado a frequentar o Top 100 da DJ Mag Bob Sinclar assinou oito álbuns na carreira, dezenas de discos de vinil e centenas de lançamentos digitais. Além disto Sinclar produziu dezenas de remixes oficiais ao longo de sua longa carreira, incluindo canções de artistas como Jamiroquai, Moby, James Brown, Madonna e Rihanna. O cara é lenda, vive em tour constante e tem muita história para contar.
Gostou? Confira a entrevista abaixo realizada por Nazen Carneiro e se quiser conferir a discografia do Bob Sinclar, veja o Spotify e também as redes sociais @bobsinclar e claro, da @djmagbr!
RTH: Olá Bob, é um prazer ter você conosco na DJ Mag e obrigado por esta entrevista. Para começar, conta pra gente sobre essa ideia de envolver tantas pessoas na gravação do video clipe de Zum Zum Zum por gentileza.
Sempre tive essas ideias em mente desde a geração Love nos anos 90. O tema da música era um amor universal por todas as crianças do mundo. Essa imagem me acompanhou por toda a minha carreira e depois disso, sempre envolvi crianças na minha imagem, elas são o futuro. A ideia (do clipe) surgiu depois de produzir esta versão de Zum Zum Zum, eu queria trazer o mesmo sentimento daquela imagem. Eu tive a sorte de visitar muitas vezes Salvador e a escola do “Carlinhos Brown” onde gravei em 2009 com um coral infantil meu single “LALA SONG” com Com Sugar Hill Gang e isso tudo contribuiu.
RTH: E Zum Zum Zum? Como caiu no meio da sua história?
Sou um grande fã da música brasileira, da Bossa Nova ao samba e do Baile funk ao Jazz Brasileiro. De Jobim a Jackson do Pandeiro e de MC Leozinho a Tania Maria. Eu tenho uma enorme coleção de discos e ouço o tempo todo para me inspirar. Sempre tentei trazer esses clássicos para o meu DJ set, e quando toquei uma faixa do Jackson imediatamente senti que deveria produzi-la. As pessoas enlouqueceram quando eu toquei-a pela primeira vez.
RTH: Isso foi demais hein? Como você vê a House Music interagindo com outros estilos musicais?
Quando produzo música, não penso em termos de estilo, sempre quero trazer alguns elementos tradicionais de todo o mundo. House Music é um estilo de música nascido em Chicago nos anos 80 e está em constante evolução principalmente porque combina com todos os estilos de música para fazer as pessoas dançarem em todo o mundo.
RTH: Zum Zum ZUm por Bob Sinclar:
Alegria da Felicidade, espalhe amor, faça dançar o planeta com o espírito brasileiro
RTH: Comente sobre o seu processo criativo para construir esta faixa por gentileza.
Não foi fácil porque eu amei tanto o original com os vocais de Jackson Pandeiro… Primeiro tive que recriar as percussões e o cavaquinho com músicos talentosos da Bahia e então encontrar os backing vocals certos e as crianças para dar força aos vocais. Eu gravo todo mundo em 100 bpm perto da faixa original porque eu queria ter o mesmo sentimento para toda a equipe ao cantá-la. Então coloquei todas as hastes em 120 bpm para caber no meu set de dj. O resultado para mim foi inesperado e a chave foram as crianças. elas trazem a vibe para outro nível. Eu tenho tanto respeito pela cultura brasileira e espero que os fãs do Jackson amem a nova versão.
RTH: Não sei eles, mas nós já gostamos (risos). Você falou diversas vezes sobre as crianças. Por favor, comente a interação.
Eu amo crianças. São genuínas, se não gostam de algo, você pode sentir, elas não mentem. A gravação deu super certo em um pequeno estúdio no Pelourinho na Bahia. Selecionamos todas as crianças do videoclipe de um projeto social de capoeira em Salvador chamado “Mundo Negro”. Quando gravamos o vídeo na Bahia, todas as crianças ficaram super felizes em cantar e dançar. A reação delas foi muito importante para mim porque é um clássico e a rua não mente. É incrível como a música brasileira é uma fonte de felicidade.
RTH: Fantástico! E o Marco Luque? Ele é muito engraçado!
Conversamos com ele sobre o projeto do videoclipe e ele imediatamente se interessou em participar. Ele ama o pelourinho. Ele é uma pessoa muito positiva, gentil e engraçada. Ele não parou por um minuto fazendo as crianças rirem. Estou muito feliz por ele ter participado do videoclipe.
RTH: Como você vê o impacto social desta iniciativa?
Ao invés de trabalhar com profissionais para o videoclipe, selecionamos crianças em um projeto social chamado “Mundo negro”. Íamos selecionar dez crianças mas como não posso dizer não a uma criança, selecionamos todas as 53 que compareceram à seleção. A criançada foi incrível.
RTH: Que energia boa, né? Mas me diz: Foi difícil para você encarar essa?
Todo o projeto me deixou e me deixa super feliz, eu toquei tantas vezes no Brasil desde que a geração Love foi número 1 em 2006 e é sempre um desafio e uma grande honra colaborar com artistas brasileiros.
RTH: Show. Para finalizar, que tal uma mensagem para o público brasileiro?
Olá pessoal do Brasil! Espero que gostem dessa versão 2023 de “Capoeira mata um” produzida por mim. Eu coloquei todo o meu coração nisso e estamos prontos para fazer dançar o planeta todo com ela.
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