Com entrevistas raras de Paul Van Dyk no início de carreira e Juan Atkins nos dias de hoje, documentário da Deutsche Welle é registro histórico.
por Nazen Carneiro
Com origem nas comunidades afro-americanas da antiga metrópole industrial dos EUA – Detroit – o Techno atravessou o Atlântico e ganhou fama na Europa, fazendo de Berlim a capital mundial do Techno.
Segundo documentário da TV alemã Deutsche Welle publicado recentemente, a cena Techno na Europa aumentou em relação ao contexto pré-pandêmico de Covid-19, que durou de 2020 até recentemente. O que também aumentou foi a presença de DJs mulheres, segundo a DW.
As raízes do Techno estão sendo redescobertas e celebradas, assim como a obra de alguns de seus precursores, como Alan Odham, Blake Benee Bexter, Juan Atkins e Jeff Mills. Artistas a frente do seu tempo que perderam espaço na decadente Detroit e partiram para a Europa. Foi em Berlim – pós queda do muro – onde encontraram terreno fértil com os antigos prédios e terrenos abandonados daquela degradada região. Assim os clubes e as raves Techno começaram a tomar conta da capital alemã, como mostra o sucesso do icônico club Tresor.
A experimentação de sons futuristas no início dos anos 80 em Detroit levou alguns jovens a tentar novas tecnologias e a mistura de música eletrônica européia com batidas afro-americanas e sons sci-fi surgiu de forma natural: “muito melhor do que eles mesmos esperavam”, afirma Juan Atkins no documentário. O próprio Juan também comenta que os pretos não curtiam o estilo, mas os brancos sim, então quando o Techno de Detroit foi exportado para Berlim, ‘rolou um match’.
Na Alemanha o estilo ficou mais pesado e ganhou muitos fãs e pessoas interessadas na cultura que crescia como nunca. Segunda o dono do club Tresor, 10 mil pessoas circulavam entre os clubs numa única noite. Ellen Allien, dona do selo BPitch Control é uma legítima representante desta cena que foi forjada nos porões industriais e tomou as ruas com a famosa festa Love Parade, evento que reunia centenas de milhares de pessoas para celebrar a diversidade, e que hoje tem um ‘subtituto’, o Rave The Planet, que tem como um de seus objetivos, estabelecer o Techno como um patrimônio da UNESCO.
‘Techno é tudo aquilo que ainda não foi imaginado”
jeff mills
A DW foi até o Arquivo das Culturas Jovens, na Alemanha, para descobrir mais referências sobre o título do estilo “Techno” e as definições não chegam a firmar uma versão única. Cada um vê as referências de uma forma, mas em resumo o estilo é underground.
O documentário conta com entrevistas antigas de Blake Baxter e Paul van Dyk e mostra cenas de Ellen Allien tocando no evento Caos no Rio e Juan Atkins tocando no Strom, festival de música eletrônica que rola em ambientes ligados a música clássica em Berlim. Assista aqui.
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