Se você pedir para que Jahan e Yasmine Yousaf definam quem são e que som tocam, você terá cometido um equívoco. Terá sido um pedido limitante demais para o que as irmãs de Chicago fazem desde que decidiram aplicar seu talento e esforço no mundo da música. E é muito sobre isso que fala o novo álbum da dupla, que você vai conhecer em detalhes ao longo das próximas linhas.
Com um bom humor extremamente contagiante, elas receberam a reportagem da Eletro Vibez no mini estúdio montado para entrevistas, no backstage do Ultra Music Festival, em Miami. De cara, ao notarem que tratavam-se de jornalistas brasileiros, as irmãs logo lembraram da comida, que tanto gostam, e do chimichurri, que sentem vontade de voltar a comer com churrasco.
Saudosas ao falarem sobre os fãs brasileiros, foram questionadas sobre como era a sensação de voltar a um grande palco, a ver uma aglomeração de pessoas, de ver e sentir um grande festival. Com alguma emoção, Jahan explicou o que passava pela sua cabeça minutos antes de ir ao Worldwide Stage.
A energia deste momento enorme nos empolga, porque é lindo poder estar com com essas pessoas, com todo esse público (finalmente) presente no festival, estar vendo tanta alegria. É sensacional que a galera esteja curtindo apresentações além do palco principal, música é mesmo muito mais do que isso. É sobre energia, sobre estamos vivendo, sobre estar presenciando esse momento tão importante e emocionante”.
E com essas pessoas dividindo cerca de uma hora de apresentação, o duo Krewella mostrou todo o poder de seu novo álbum, um verdadeiro masterpiece chamado ‘The Body Never Lies’. O terceiro grande trabalho delas, que já deram vida ao EP ‘Play Hard’, e ao primeiro álbum, ‘Get Wet’.
Segundo elas, ‘The Body Never Lies’ é um projeto que parte de cada fase de suas carreiras para formar dez faixas incrivelmente elaboradas. Não à toa, há um trecho do diário de Jahan apresentado como letra em duas das músicas.
Nós lançamos há três semanas (o nosso álbum), gastamos os últimos dois anos nele, criando durante a pandemia, foi muito interessante, fomos impondo novidades em músicas antigas, foi muito empolgante. No geral, foi um processo sem limites, com muito Drum n Bass. Nós focamos muito nisso, gostamos muito de poder ter feito um material com tanta musicalidade e diversidade”.
Drum and Bass. A grande vertente do Ultra Music Festival, a mais executada e mais abordada. E elas, com conhecimento de causa e longa relação com a sonoridade, falaram sobre como trouxeram isso pro novo álbum e como encaram a atual popularidade de algo que ficou alguns anos em menor evidência.
Nós sempre gostamos desse estilo, sempre tocamos e agora dedicamos muito tempo para podermos tocar aqui, nesse álbum. A gente gosta muito mesmo de DnB e é bom ver que mais gente está usando e tocando aqui no Ultra. Há um movimento de retorno a essa sonoridade, esse estilo até de vida, e você pode notar desde os vocais, passando pelas batidas, você percebe o DnB em tudo”.
Fãs de Alok e Vintage Culture, as irmãs lembraram o quão complicado foi o período sem shows, longe dos eventos e podadas pela pandemia, que chegou meses após o lançamento de seu primeiro álbum. Durante esse tempo, aproveitaram para desacelerar e viver com seus hobbies, como cozinhar, transmitir no Twitch e até construir um estúdio em casa.
Não tivemos escolha a não ser pensar em nossas experiências de vida e tudo o que sentimos, vimos e experimentamos ao longo da última década de nossa carreira. Acho que ser forçado a fazer uma pausa nos ajudou de uma maneira estranha, porque fomos capazes de nos explicar e separar nossos sentimentos de uma maneira que provavelmente não teríamos se não tivéssemos tido tempo parar completamente e pensar por tanto tempo.”
Com sonoridades de Drum and Bass, de Big Room, Hardstyle, Bass House e muitos outros estilos, Krewella abriu caminho para uma realidade que todos os membros da cena querem viver, que é a da liberdade para criar o que quiser, o que desejar, no momento que achar justo. Elas mostraram ao mundo que música, que música eletrônica, é e tem que sempre ser um reflexo do seu criador.
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