Em entrevista a Rádio Tecno House, Eli Iwasa fala sobre suas inúmeras facetas como empresária, DJ, apresentadora, modelo e uma das maiores referências femininas da música eletrônica brasileira.
Indicação ao WME Awards e o equilíbrio nas diversas frentes da carreira
Em 2021, Eli Iwasa concorreu pela terceira vez consecutiva ao WME Awards, premiação que destaca as profissionais mulheres da música. A artista comentou o que significa ser listada tantas vezes como referência entre as DJs e como premiações como essa podem contribuir para impulsionar novas profissionais na indústria.
“O WME é muito mais que uma premiação individual – ele dá visibilidade a mulheres, entre artistas e profissionais nos bastidores, de uma maneira que inspira as transformações não só no mercado – principalmente, na sociedade. Quantos curadores de festivais e clubs vão pensar em seus line-ups para que sejam mais diversos e inclusivos depois do WME? Muitos. Receber esse tipo de reconhecimento é maravilhoso, mas é sobre todas as minas incríveis que fazem o mercado de música acontecer, como dar espaço e criar oportunidades também”, diz Iwasa.
Com inúmeras atuações simultâneas, equilibrar a balança entre as atividades e a vida pessoal é um dos principais desafios. Questionamos Iwasa como ela divide seu tempo para que as várias facetas sejam trabalhadas de forma efetiva e de impacto a longo prazo. Para a empresária, “o maior desafio não é exatamente dividir meu tempo entre essas facetas, e sim, encontrar o equilíbrio entre o trabalho e minha vida pessoal.”
“Cada aspecto do meu trabalho está diretamente ligado a outro, e conto com pessoas maravilhosas ao meu lado – só assim é possível me dedicar a tantos projetos diferentes com entrega e consistência ao longo dos anos. Desde minha agência até meus sócios nos clubs. Formar um time de confiança é fundamental, e ele me ajuda muito na tomada de decisões. Hoje posso escolher fazer apenas o que gosto, e focar meu tempo naquilo que realmente me emociona”, afirma Iwasa.
Mas, claro, que diante de uma personalidade inquieta, não foi uma surpresa quando Iwasa revelou que “a grande questão é que quero fazer muitas coisas (risos)“. A profissional da música acrescenta: “tenho um senso de urgência, de não deixar nada para trás, de fazer o que me dá vontade… e quando vejo, tô com uma dezena de projetos em andamento, entre gigs e a vida pessoal que sofre para caramba. Não é fácil achar o meio termo, mas preciso do meu tempo com família (sou muuuuuito família), amigos, bem quietinha, no meio dessa loucura toda. E não tem fórmula mirabolante: é bloquear a agenda mesmo para isso, e priorizar esse momentos”, analisa.
Destaque como DJ e novos projetos
Com uma visão muito clara do seu objetivo artístico, Eli Iwasa explica o porquê que seu perfil nas plataformas digitais como o Spotify, por exemplo, não possuem um volume de produção, apesar de ter trabalhos como cantora juntamente com o Bleeping Sauce.
“Sou essencialmente uma DJ, e nunca quis parecer ser outra coisa. Sou muito honesta em relação a isso. Vou para o estúdio para gravar como Bleeping Sauce, mas o que me move mesmo é compartilhar música que amo, e ver uma pista dançar”, afirma Iwasa.
“Ser DJ é uma arte, e não, não é qualquer um que vai ser um bom artista, leva muito tempo para uma pessoa amadurecer como DJ. Qualquer um pode tocar por 60 minutos, fazer umas mixagens simples, e fazer a pista explodir com uma sequência de hits, mas quantos DJs são capazes de contar uma história, passear por diversos estilos, te emocionar e surpreender por várias horas?”, analisa Eli Iwasa.
No último dia 28 de dezembro, Eli Iwasa lançou no palco do Warung Beach Club o projeto audiovisual “Closer” junto de Bruna Isumavut e Priscila Prestes. O objetivo central de “Closer” é promover um profundo mergulho em seus universos musicais traduzidos através dos formatos de all night long e long sets. Além de buscar a “proximidade” tão desejada após quase dois anos em isolamento social, o projeto reúne o propósito de dividir espaços de forma igualitária e segura, fortalecer relações e criar pontes.
O trabalho visual da light designer Bruna veio para fornecer a ambiência visual marcante e inovadora, prestando homenagem através de referências às pioneiras Mary Hallock-Greenwalt – conhecida como primeira mulher a manipular simultaneamente luz e som, há mais de 100 anos – e Loie Fuller, uma das primeiras iluminadoras da história.
Greenwalt afirmava que as luzes são ótimas ferramentas para expressar as emoções humanas, bem como aumentar a imersão na música e dança. Dessa forma, a imersão foi gerada a partir do uso estratégico de espelhos, projeções de conteúdo visual áudio-reativo, enquanto a composição de palco foi feita com equipamentos e técnicas analógicas — retiradas do espectro das artes cênicas — remetendo à iluminação clássica pretendida.
“Cheguei em um momento da carreira em que muitas oportunidades me são dadas. Toco nos principais clubs e festivais do país… qual o sentido nisso tudo se não compartilhar esse espaço com outras pessoas? Numa cena que é predominantemente masculina, em que enfrento machismo e misoginia todo santo dia, quis dividir esse espaço com outras mulheres. Eu não tive isso e como foi difícil. Representatividade importa porque inspira outras meninas a correrem atrás de seus sonhos, a se sentirem livres e confiantes para serem elas mesmas, e se puder plantar uma sementinha em cada cidade que passar, sei que a Closer vai ter cumprido seu papel”, declara Iwasa.
Com direção musical por Eli Iwasa, “Closer” receberá uma artista convidada a cada apresentação, passando por diferentes regiões do país.
“Ao longo dessa jornada de duas décadas trabalhando com o que eu gosto, e vendo hoje o quão frutífera nossa cena nacional se tornou, posso dizer que nosso país me orgulha cada vez mais. É gratificante fazer parte do boom da música eletrônica no Brasil, como artista, empresária e mulher”, finaliza Eli Iwasa.
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